Percevejos do trigo. Quais espécies ocorrem e como manejá-las. 1l474b
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De acordo com observações e relatos de agricultores e técnicos extensionistas, a incidência de percevejos em trigo tem aumentado ao longo dos anos, agravado as perdas na cultura. Esses insetos sugadores am pelas fases de ovo, ninfa e adulto, sendo que na fase ninfal já acometem danos relevantes às plantas de trigo. As espécies recorrentes nesse sistema produtivo são Diceraeus sp., Nezara viridula e Euschistus heros, todas pertencentes à família Pentatomidae e remanescentes dos cultivos de verão, como soja e milho.
Conforme Panizzi et al. (2015), a mudança do sistema de cultivo de grãos a partir dos anos 2000, com expressiva manutenção de palhada no contexto do plantio direto, favoreceu o aumento da incidência de percevejos. Restos culturais proporcionam abrigo para esses insetos e, além disso, sementes caídas no solo servem de alimento para os mesmos, bem como certas plantas daninhas (Figura 1).
O percevejo barriga-verde (Diceraeus sp.) é a principal espécie encontrada em lavouras de trigo, ocorrendo desde o plantio até a fase de espigamento. A sua coloração em vista dorsal varia de castanho-amarelada a acinzentada, e o abdômen apresenta cor verde. Essa espécie ocasiona perdas significativas na produtividade da cultura, principalmente quando o ataque ocorre na fase de emborrachamento/espigamento.
Ao introduzir o seu aparelho bucal em forma de estilete no colmo das plantas de trigo, o inseto ocasiona uma ruptura do tecido vegetal associada à injeção de saliva, cujo efeito tóxico resulta em danos nos tecidos da planta e desordens fisiológicas. Os sintomas mais típicos são perfurações transversais nas folhas recém expandidas com possibilidade de necrose, além de dobramento das folhas ou quebramento no local do dano, bem como aspecto de “charuto” (folhas enroladas e deformadas). Em estágios mais avançados da cultura, podem aparecer sintomas como branqueamento de espigas (Figura 2).
Já o percevejo verde (Nezara viridula) é a espécie mais polífaga do complexo de percevejos, isto é, se alimenta de inúmeras espécies de plantas, tendo capacidade de se reproduzir na entressafra (Panizzi, 1997). Embora a espécie ocasione danos geralmente na fase de elongação do trigo, pode atacar também as espigas em formação, durante a fase de emborrachamento; nesse caso, ocorre a morte da espiga ou de parte dela (espiguetas), ficando deformadas, secas e brancas, com sintomas semelhantes ao dano por geadas. Portanto, o ataque por N. viridula pode resultar em graves prejuízos quando ocorrer durante a fase de emborrachamento do trigo (GASSEN, 2005; SALVADORI; PEREIRA, 2009).
Por outro lado, o percevejo marrom (Euschistus heros) hiberna após a safra de soja, ficando sem se alimentar por um longo período, protegido de predadores e parasitoides até o final do inverno. Assim sendo, os danos por essa espécie em trigo ocorrem somente a partir da fase de espigamento da cultura (MOURÃO & PANIZZI, 2000).
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O nível de controle para todas as espécies supracitadas é de 4 percevejos/m² durante a fase vegetativa da cultura, e 2 percevejos/m² na fase reprodutiva (PANIZZI et al., 2015). Porém, o monitoramento deve ser realizado desde o término da colheita de soja e implantação da cultura subseqüente, levando em conta que os percevejos podem ficar abrigados em plantas hospedeiras (ex: capim carrapicho, capim-amargoso e trapoeraba) ou sob a palhada.
De acordo com o Agrofit (2021), existem apenas cinco produtos formulados registrados para o controle do percevejo barriga-verde (principal espécie) na cultura do trigo: todos pertencem ao grupo químico dos neonicotinoides, e somente dois envolvem misturas com piretroides. Desse modo, em um cenário com alta densidade populacional de percevejos é necessário o controle com associação de grupos químicos, aliando o efeito de choque dos piretroides com a longa ação residual dos neonicotinoides. É recomendado ainda que se faça um manejo rigoroso de dessecação de daninhas previamente à semeadura da cultura, aliado a um tratamento de sementes eficiente e monitoramento constante da lavoura.
REFERÊNCIAS:
Agrofit. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Disponível em <https://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. o: 24 de junho de 2021.
Gassen DN. Principais pragas nas culturas do trigo, cevada e aveia. Revista Plantio Direto. 2005
Mourão APM, Panizzi AR. Diapausa e diferentes formas sazonais em Euschistos heros (Fabr.) (Hemiptera: Pentatomidae) no norte do Paraná. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v.29, n.2, p 205-218, 2000.
Panizzi AR, Agostinetto A, Lucini T, Smaniotto LF, Pereira PRVS. Manejo Integrado dos Percevejos Barriga-Verde, Dichelops spp. em Trigo. Embrapa Trigo. o Fundo. Junho de 2015.
Panizzi AR. Wild host of pentatomids: ecological significance and role in their pest status on crops. Annual Review of Entomology, v. 42, p. 99-122, 1997.
Salvadori JR, Pereira PR. As Pragas que Migram o Nosso Pão. Rev A Granja. Edição: 726. Junho de 2009
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Fonte: Equipe Mais Soja. Por: Rodrigo Krammes.
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