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Novas informações sobre a queda do voo da Chapecoense 27714

O que os investigadores sabem sobre a queda do voo em Medellín f432

Causa do acidente que matou 71 pessoas na Colômbia está sendo investigada

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Fonte: Luiz Fernando Toledo, Marcelo Godoy e Anita Efraim, Estado de S.Paulo e Ricardo Senra e Luis Barrucho da BBC Brasil.

1. Qual a causa do acidente?

Ainda não se sabe os fatores que contribuíram para o acidente. As informações das autoridades na Colômbia mostram que havia mau tempo no momento em que o avião chegaria ao aeroporto. Duas possibilidades são discutidas por investigadores: a ocorrência de problemas elétricos e uma pane seca. O site Flight Radar 24, que mostra o tráfego das aeronaves, aponta que o avião de prefixo -2933 da LaMia deu duas voltas antes de reduzir a velocidade a 263 quilômetros por hora. O percurso é considerado normal, principalmente em situações de baixa visibilidade.

2. Por que a ANAC vetou o voo que partiria do Brasil?

O Código Brasileiro de Aeronáutica e a Convenção de Chicago, que trata dos acordos de serviços aéreos entre os países, determinam que o transporte poderia ser realizado por empresa aérea da origem (Brasil) ou do destino (Colômbia) e não por uma de uma terceiro país.

3. As caixas-pretas já foram localizadas?

Sim, pela Aeronáutica Civil da Colômbia. As duas caixas-pretas foram encontradas – de voz e de dados. A Voice Data Recorder registra as conversas na cabine da aeronave e podem ajudar a entender o que ocorreu momentos antes do acidente. Já a Flight Data Recorder guarda os dados técnicos da aeronave.

4. O modelo do avião já registrou algum acidente?

Sim. De acordo com o site de aviação Airsafe.com, a série RJ produzida pela BAe Systems (100, 146 e 85) registrou 7 quedas. A mais recente ocorreu em 10 de outubro de 2006, na Noruega. O avião fretado estava em voo doméstico de Stavanger para Stord. Ao chegar próximo do destino, a aeronave não conseguiu parar e invadiu a pista, continuou por uma encosta e pegou fogo. Treze pessoas morreram.

5. Houve falha elétrica?

Essa é uma das possibilidades discutidas. De acordo com o diretor da Aeronáutica Civil da Colômbia, Alfredo Bocanegra, o piloto do RJ-85 “relatou falhas elétricas graves à torre de controle do aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia”.

6. Houve falta de combustível, a chamada “pane seca”?

Especialistas apontaram que o modelo padrão da aeronave não tinha originalmente autonomia suficiente para fazer o trajeto entre os aeroportos de Santa Cruz de La Sierra e ia para Medellín, mesmo em linha reta. A consultoria em aviação alemã Jacdec, com base na ficha técnica da fabricante, apontou que a distância máxima (autonomia) padrão do RJ85 que pode ser percorrida pelo modelo é de 1.600 milhas marítimas, equivalente a 2.965 quilômetros. Já a distância entre os aeroportos de ida e chegada é de 1.605 milhas – 2.975 quilômetros (em linha reta). O que ainda não se sabe é qual modelo pertencia à empresa venezuelana. O fabricante informa que há aviões do tipo com tanques auxiliares, o que garantiria a autonomia de voo da Bolívia para a Colômbia. O que não se sabe ainda é se houve problemas no abastecimento da aeronave.

7. A velocidade de 262 km/h da aeronave momentos antes da queda era suficiente para dar sustentação para ao RJ85?

Sim. De acordo com o último registro do voo que levava a Chapecoense para a Colômbia, o avião estava reduzindo sua velocidade – ela era de 680 km/h –, depois de começar os procedimentos para a aproximação e pouso da aeronave em Medellín. O RJ85 desceu de 9,1 mil metros para 4,5 mil metros, ando por nuvens mais baixas. De acordo com especialistas ouvidos pelo Estado, a partir de 180 quilômetros por hora já é possível ter estabilidade no voo.

8. Por que a aeronave descreveu uma trajetória em círculos ao se aproximar do aeroporto?

As “voltas” são consideradas normais segundo as cartas de aproximação do aeroporto. É comum o piloto fazer essa manobra em caso de pouca visibilidade para pouso no aeroporto. No caso do RJ85, apesar da chuva fina, a visibilidade não era ruim no aeroporto de Medellín. Um segundo fator pode ter contribuído para que RJ85 fosse obrigado a fazer a manobra e permanecesse mais tempo na trajetória circular. É que outra aeronave, da companhia Viva Colômbia, que vinha da ilha de San Andres para Medellín, havia solicitado autorização para pouso emergencial por falta de combustível, no mesmo local minutos antes da chegada da aeronave venezuelana.

9. Houve derramamento de combustível pela aeronave antes da queda?

Investigação inicial apontou que os corpos e destroços não têm sinal de combustível – o que pode reforçar a tese de pane seca. As autoridade colombianas investigam se houve perda de combustível, o que poderia ter esvaziado o tanque evitando assim que a aeronave explodisse no momento do impacto no chão.

10. As condições do tempo podem ter contribuído para o acidente?

Chovia no momento do acidente na região de Atioquia, estado colombiano cuja capital é Medellín. O tempo ruim é frequentemente apontado por investigadores aeronáuticos como uma dos principais fatores que contribuem para os acidentes aéreos. Esse é o caso Airbus A330 do voo AF447, da Air , que caiu no meio do Oceano Atlântico, em 2009. No caso, além da chuva fina, o aeroporto de Medellín registrava temperatura de 17 C°, céu nublado, com nuvens baixas e visibilidade era boa. Havia, no entanto, potencial para raios. Os investigadores vão verificar se o mau tempo influiu na queda do RJ85.

11. O acidente pode ter sido causado por alguma falha humana?

Ainda é cedo para se responder a esse pergunta. Os investigadores vão verificar as gravações da caixa-preta (Voice Data Recorder) e cruzá-las com os dados técnicos do voo, que constam da outra caixa-preta (Flight Data Recorder). Assim pode reproduzir o que se ou dentro da cabine do RJ85 e verificar se algum problema técnico aconteceu e se a resposta dada pela tripulação a ele foi a mais correta. Também vai verificar se os pilotos tinham treinamento adequado para as situações enfrentadas no voo.

12. Quais eram as condições da aeronave da empresa venezuelana LaMia?

O avião prefixo 2923 foi fabricado em 1999. Para o diretor da empresa venezuelana responsável pela aeronave, ela “não era nova, mas operável”. O modelo tem capacidade para cem pessoas, mas estava configurado para 85 a fim de garantir mais espaço entre as poltronas. Ele era usado em voos fretados.

13. Em quanto tempo o motivo do acidente será esclarecido?

Não é possível prever. Em muitos casos não há nem sequer esclarecimento da causa, dependendo das condições e informações disponíveis. Neste caso, já que a caixa preta foi encontrada e há sobreviventes, mais informações poderão ser usadas no diagnóstico dos peritos.

14. Quem ficará responsável pelas investigações? Haverá apoio internacional?

As autoridades colombianas pediram apoio de investigadores britânicos, já que o avião da LaMia foi fabricado no País pela companhia British Aerospace. Há cerca de 200 aeronaves do tipo em circulação no mundo. Os investigadores devem chegar hoje e terão mais informações sobre a fabricação do modelo que podem ajudar a identificar onde ocorreram as possíveis falhas. A fabricante ainda não se manifestou.

 

Capacidade de modelo da aeronave é menor que o trajeto previsto

Ainda não se sabe se o modelo tinha tanques auxiliares; outra aeronave fez pouso emergencial no local

A autonomia padrão de voo da aeronave RJ85, da companhia venezuelana LaMia, é menor do que o trajeto previsto para ser percorrido pelo avião que caiu nesta terça-feira, 29 e vitimou mais de 70 pessoas. Ainda não se sabe se o modelo tinha tanques auxiliares.

Informações da consultoria em aviação alemã Jacdec, com base na ficha técnica da fabricante, apontam que a distância máxima padrão do RJ85 que pode ser percorrida pelo modelo é de 1.600 milhas marítimas (equivalente a 2.965 quilômetros). Já a distância direta entre o Aeroporto Internacional Viru-Viru, de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e o Aeroporto Olaya Herrera, em Medellín, na Colômbia, é de  1.605 milhas marítimas, ou 2.975 quilômetros (em linha reta).

Especialistas apontam que a baixa no combustível é possível, mas que há aeronaves do mesmo modelo que possuem tanques auxiliares que aumentam a autonomia do avião.  A aeronave foi criada para viagens de curta distância e é usada para pousar em aeroportos de difícel o. O modelo é cada vez mais usado em tarefas de combate a incêndios.  Informações da fabricante mostram que o RJ85 pode levar até 100 pessoas. À Associated Press, o porta-voz da fabricante BAE David Dormann informou que o modelo estava configurado com cadeiras mais espaçosas, para 85 pessoas.

O especialista em segurança operacional Miguel Rodeguero, da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (AOPA Brasil), diz que é prematuro falar em qualquer causa. “Existe uma versão desse avião com autonomia um pouco maior e ainda nem sabemos qual é o modelo”, disse. Ele ressalta que um quadro possível é o da soma problemas – combustível próximo do limite e tempo ruim, por exemplo. “É preciso pegar essas informações junto às características no local do acidente, com destroços, informações das caixas pretas e aí sim compor um quadro de causas mais prováveis”, disse.

O comandante Dércio Correa, presidente do Fórum Brasileiro para o Desenvolvimento da Aviação Civil, diz que é “provável” que o trajeto feito pelo piloto por causa das condições climáticas no local somado ao combustível limitado tenha relação com o acidente. Ele destaca que a legislação no Brasil prevê que uma aeronave deve ter combustível suficiente para atender um trajeto do aeroporto de saída ao destino, mais duas alternativas e mais 45 minutos de voo de reserva.

“O fato de ele não  ter explodido com o pouso de emergência já indica que ou ele alijou o combustível ou que realmente estava no limite”, disse. “Outro problema é que a condição meteorológica adversa obrigou ele a fazer muitos desvios, o que significa fazer mais  consumo de combustível.”

O especialista em segurança de voo Roberto Peterka disse ao Estado que o avião já estava carregado e que é possível que não estivesse totalmente abastecido. “É difícil afirmar que seja pane seca, mas é uma possibilidade”. Ele destacou que a diferença entre a autonomia do modelo e a distância era “mínima”. Para Peterka, a velocidade baixa registrada no momento em que a aeronave deixa de emitir sinais – cerca de 263 quilômetros por hora – não gera instabilidade. “Começa a ter estabilidade com 180 quilômetros mais ou menos”.

Emergência. Duas possibilidades já são discutidas entre especialistas – pane elétrica ou pane seca (falta de combustível). A aeronave caiu quando se aproximava do aeroporto na Colômbia. Em momentos finais do voo, a aeronave dá duas voltas ao redor de Medellín. Estava em baixa velocidade, a cerca de 262 quilômetros por hora.

De acordo com o canal BBC, houve outra situação de emergência pouco tempo antes, com um avião da companhia Viva Colombia, que precisou decolar no mesmo local. “É certo qe existiu uma emergência com um avião da Viva Colombia – por falta de gasolina – mas esta ocorrência foi atendida antes do primeiro aviso da aeronava que trazia o time de futebol”, disse o coronel Fredy Bonilla, secretário de Segurança da Aeronáutica Civil no País.

 

Dono de avião que levava Chapecoense, piloto queria transportar Seleção Brasileira

Miguel Quiroga, piloto do avião que caiu nesta terça-feira levando jornalistas, jogadores e dirigentes da Chapecoense, era também um dos dois sócios da microcompanhia aérea Lamia, que tinha apenas 15 funcionários – entre parentes e amigos. Depois do acidente, restaram só 8.

Depois de tentativas frustradas de entrar no circuito de voos comerciais para África e Europa, sua empresa se especializou em transportar times de futebol em voos fretados – entre os clientes estão seleções (Bolívia, Argentina e Colômbia) e times sul-americanos (como o Nacional da Colômbia, o Olímpia, do Paraguai, e a própria Chapecoense, que já havia usado os serviços da Lamia em outubro).

“Há dois meses, ele me procurou pedindo para eu intermediar um contato com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), porque ele tinha interesse em transportar mais times, inclusive a Seleção Brasileira”, contou Osvaldo Quiroga, primo do piloto, em entrevista por telefone à BBC Brasil.

Quiroga foi procurado porque tinha contato com ex-jogadores da seleção, mas conta que a negociação não chegou a se concretizar. “Infelizmente não deu tempo.”

À reportagem, Gustavo Vargas, diretor-geral da companhia e amigo de Miguel Quiroga, confirmou o foco em times de futebol e disse que o avião que levava a equipe brasileira para Medellín, na Colômbia, estava decorado com escudos e flâmulas da Chapecoense.

“Para cada time que levávamos, personalizávamos o avião. Colocávamos o escudo e símbolos para tornar a viagem mais agradável.”

Ele nega boatos de que a empresa praticasse preços baixos para ganhar competitividade no mercado de voos fretados.

“Nosso serviço é um pouco mais caro, mas é mais rápido”, diz Vargas. “Há muitas razões (para os times voarem com a Lamia). A equipe pode ir e voltar no mesmo dia, no horário que quiser. Podemos chegar a locais onde não há voos regulares. Podemos fazer quantas escalas forem necessárias.”

 

Família de aviadores

Antes de comprar a companhia aérea, Micky foi piloto da força aérea boliviana

Aos 36 anos, Miguel Quiroga, conhecido pela família como Micky, havia tido a terceira filha há três meses. Vivia com a mulher e os filhos (além do bebê, um menino de 13 anos e uma de 9) em uma casa de classe média no lado acreano da fronteira com a Bolívia.

“Somos uma familia grande, meu avô vinha da indústria aeronáutica, era encarregado da Lloyd Aereo Boliviano (companhia aérea extinta em 2007)”, conta o primo.

“O pai dele, Eduardo, também foi piloto e sofreu um acidente que o impossibilitou de continuar voando. Mudou-se para o Brasil para se recuperar.”

Segundo o familiar, o interesse de Micky pela aviação foi fruto das conversas familiares. “Ele estudou em colégio militar na Bolivia, fez faculdade na Força Aérea Boliviana, onde virou piloto e adquiriu o grau de capitão”, relata.

Antes de se tornar sócio da Lamia, o piloto havia montado uma escola de aviação, onde era instrutor. “Era a paixão dele a vida inteira. Quando surgiu a oportunidade de comprar uma empresa aérea, ele aproveitou para adquiri-la.”

Visto como herói e vilão, Quiroga é alvo de especulações nas redes sociais. Durante a entrevista, o primo pede respeito ao luto dos familiares.

“Falam que ele demorou para informar sobre falta de combustível para não receber multa. Ora, nenhum piloto vai expor a própria vida, nem a das pessoas que está carregando. Não faria sentido colocar a própria vida em risco, ele havia acabado de ser pai.”

“Os boatos ferem a família”, diz Osvaldo Quiroga.

“Um amigo de rede social chamou meu primo de mafioso. Ele nem o conhece. O conteúdo das caixas-pretas nem foi divulgado.”

 

Avião

Em 2014, a empresa foi comprada de um empresário venezuelano por Micky e um amigo, o também piloto Marco Rocha Venegas, e conseguiu licença para operar na Bolívia em julho do ano ado.

A empresa original é cercada de polêmicas. Foi criada na Venezuela em 2010 pelo empresário e suposto lobista Ricardo Albacete Vidal, com parte do financiamento vindo de empresas chinesas.

Em cinco anos, a Lamia Venezuela tentou iniciar suas operações em dois Estados do país, sempre sem sucesso.

Tanto Vidal quando o diretor Gustavo Vargas afirmam que hoje não há qualquer vínculo com a antiga Lamia venezuelana.

“Temos capital 100% boliviano”, diz Vidal.

O avião Avro RJ85, que caiu perto de Medellin e deixou 71 mortos e seis feridos, era o único em funcionamento da companhia.

“Temos outros dois, que estão em manutenção e nunca foram usados”, disse o diretor à reportagem.

À BBC Brasil, o dirigente diz não ter ideia sobre as causas do acidente e afirma que empresa tomava todos os cuidados.

“Já havíamos feito um voo de Santa Cruz de la Sierra até Medellin sem problemas. Nunca tivemos nenhum acidente.”

Visto como herói e vilão, piloto virou alvo de especulações nas redes sociais.

 

Combustível?

A análise das caixas pretas do voo ainda não foi divulgada por autoridades colombianas. Falta de combustível e pane elétrica são os principais pontos de especulação, a partir de áudios entre o piloto e a torre de controle do aeroporto de Medellin.

A autonomia do quadrimotor Avro RJ-85 era de cerca de 3 mil quilômetros, praticamente a mesma distância entre as cidades de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

Para especialistas, é pouco usual que autoridades permitam um voo de uma aeronave cujo autonomia é equivalente à distância percorrida entre os pontos de partida e de chegada.

 

Por que especialistas acreditam que avião com Chapecoense caiu por falta de combustível

 

Os acidentes aéreos geralmente são causados por uma combinação de fatores, costumam apontar especialistas.

Mas no caso do avião da companhia boliviana Lamia com a equipe da Chapecoense, que caiu na madrugada desta terça-feira, as opiniões parecem convergir para a falta de combustível.

Outra hipótese levantada é pane elétrica. Mas uma não necessariamente exclui a outra.

A BBC Brasil ouviu especialistas que explicam por que essa opção é a causa mais provável do acidente.

Eles lembram, no entanto, que é importante esperar pela análise das caixas-pretas e aguardar a conclusão das investigações para se chegar a certezas.

 

1) Autonomia

A autonomia do quadrimotor Avro RJ-85 era de cerca de 3 mil quilômetros, praticamente a mesma distância entre as cidades de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde partiu, a Medellín, na Colômbia, seu destino final.

No plano de voo, estava prevista a possibilidade de o avião parar para reabastecer em Cobija (norte da Bolívia) ou Bogotá (Colômbia).

Mas o piloto decidiu seguir a rota sem interrupções.

“Autoridades de aviação nunca autorizariam um voo de uma aeronave cujo autonomia é equivalente à distância percorrida. Ou o avião ou por modificações, com a instalação de tanques de combustível adicionais, ou o piloto não quis fazer a escala por algum motivo, meteorológico ou técnico”, diz Lito Sousa, supervisor de manutenção de aeronaves e editor do site e canal de vídeos Aviões e Músicas, dedicado à aviação.

Além disso, imagens do site de rastreamento de voos FlightRadar24 mostram que o quadrimotor deu duas órbitas no ar antes de começar a reduzir a altitude e cair próximo à região de Rio Negro, na Colômbia.

As voltas seriam um indicativo de que o piloto iniciava uma preparação para o pouso, ou aguardava autorização do aeroporto para a aterrissagem. Ele também poderia ter recorrido à manobra para pensar no que fazer diante da situação.

Mas, segundo um piloto não identificado da companhia Avianca, que relatou à imprensa colombiana ter ouvido o diálogo entre a torre de controle do aeroporto de Medellín e a tripulação do voo da Chapecoense, houve um pedido de prioridade de pouso no aeroporto por “problemas de combustível”.

A permissão, contudo, teria sido negada por causa de um voo da VivaColombia, que também ava por uma emergência.

Foi a partir daí que a tripulação do Lamia teria relatado uma “pane elétrica” e decretado situação de emergência.

As informações sobre a prioridade dada ao avião da VivaColombia foi confirmada por autoridades bolivianas.

Não houve explosão após colisão com o solo

Protocolos de aviação civil determinam que aviões devem ter combustível suficiente para concluir sua rota.

“Trata-se de um avião de excelente qualidade, mas com uma autonomia de cerca de 3 mil km, uma distância muito similar à da rota. Não faz sentido ele não ter pousado para reabastecer”, avalia Jorge Eduardo Leal Medeiros, engenheiro aeronáutico e professor Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

“Provavelmente, para cortar custos, ele decidiu seguir o trajeto sem escalas”, acrescenta.

Segundo Leal Madeiros, se o pouso tivesse sido permitido, o piloto teria conseguido aterrissar a aeronave.

“Consta que o piloto deu duas voltas – provavelmente para aguardar a aterrissagem. Fazendo um cálculo superficial, isso equivaleria a 8 minutos ou 20 milhas náuticas (37 km), o suficiente para que ele chegasse ao destino final”, afirma.

 

2) Turbinas intactas

Fotos do local do acidente, em uma área montanhosa a cerca de 50 km de Medellín, mostram as turbinas do avião praticamente intactas.

Segundo especialistas, isso seria um indicativo de que o motor não estava funcionando antes de o avião se chocar com o solo.

“As palhetas do fan (ventoinha do motor) estão praticamente intactas, o que sugere que as turbinas não estavam funcionando no momento no impacto”, opina Sousa.

 

3) Sem fogo ou corpos carbonizados

Outro indicativo que dá maior força à versão de pane seca é a ausência de fogo ou corpos carbonizados.

“Se o avião ainda estivesse com combustível, a chance de explosão seria maior”, diz Leal Medeiros.

Sousa também contesta a teoria de que o piloto teria jogado combustível fora diante da situação de emergência.

Isso porque, segundo ele, esse sistema não existe nesse modelo. Além disso, a hipótese “não faz sentido”.

“Uma aeronave só dispensa combustível em uma condição: quando seu peso for maior do que o peso máximo de pouso e se as condições de emergência permitirem”, explica.

“Acontece que dispensar combustível leva tempo, dependendo do avião até 30 minutos, então se o retorno tiver que ser imediato, o piloto não vai perder tempo alijando, vai efetuar o pouso com o avião acima do peso máximo”, acrescenta.

“Se o avião acidentado estava já no final de sua viagem, estava com o mínimo de combustível e bem leve, portanto desnecessário qualquer alijamento. Além disso, como o peso máximo de decolagem e o peso máximo de pouso do Avro RJ85 são próximos, ele nem possui sistema de alijamento de combustível”, conclui.

Os especialistas ouvidos pela BBC Brasil também afirmam ser raro casos de acidentes aéreos causados por falta de combustível.

Um dos mais conhecidos deles aconteceu em outubro de 1990 com um avião da Avianca, que seguida de Bogotá, na Colômbia, para Nova York, nos Estados Unidos, com escala em Medellín.

A aeronave ficou sem combustível devido a uma série de atrasos, provocados por condições meteorológicas adversas e ruídos de comunicação entre a cabine e a torre de controle.

 

Acidente

Na madrugada de terça-feira, o avião com a equipe da Chapecoense caiu a 50 km da cidade colombiana de Medellín. Ali o time jogaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.

Das 77 pessoas a bordo, 71 morreram e outras seis sobreviveram.

Foto: Matt Varley/Reuters – O avião prefixo 2923 foi fabricado em 1999

Foto: Fredy Builes&Reuters -As duas caixas-pretas foram encontradas – de voz e de dados

 

Selmos

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