Cepea: Indicador cotação boi, suíno, frango, soja e milho retro 2022
Cepea: Indicador cotação boi, suíno, frango, soja e milho retro 2022. Análises CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
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BOI/CEPEA: Exportação é recorde, mas fraca demanda interna e maior oferta de animais pressionam valores em 2022.
Mesmo diante dos fortes aumentos dos custos de produção nos últimos anos, o setor pecuário nacional seguiu realizando investimentos no campo, o que resultou no crescimento da oferta de animais para abate em 2022. De acordo com o IBGE, entre janeiro e setembro, foram abatidas 22,14 milhões de cabeças no Brasil, aumento de 7,33% (ou de 1,5 milhão de cabeças) frente ao mesmo período de 2021. As exportações, por sua vez, seguiram intensas ao longo do ano, sobretudo à China, com os volumes mensais chegando a superar 200 mil toneladas em agosto e em setembro, o que já garantiu recorde no envio anual – de janeiro a novembro, dados da Secex mostram que o Brasil exportou 1,84 bilhão de toneladas de carne bovina in natura, volume que, além de recorde, também ficou 28,5% acima do escoado no mesmo período de 2021 (1,43 bilhão). Por outro lado, a procura doméstica por carne bovina permaneceu abaixo do esperado pelo setor. A procura enfraquecida somada aos aumentos da oferta de animais e da produtividade média por animal, apontada pelo IBGE, pressionaram as cotações tanto do boi gordo quanto da carne em 2022. De acordo com dados do IBGE, no 3º trimestre, o peso médio do animal no Brasil foi de 272,02 quilos, recorde para o período. Quando considerada a média de janeiro a setembro, a pecuária brasileira nunca produziu tanta carne – foram, em média, 266,65 quilogramas por animal, 0,07% superior ao antigo recorde, registrado em 2021. Vale ressaltar que, de toda a carne produzida no Brasil, 75% são destinados ao mercado interno.
SUÍNOS/CEPEA: Com queda nos embarques e maior disponibilidade de animais, preços caem
A demanda internacional pela carne suína brasileira esteve enfraquecida em 2022. Apesar de o volume exportado em agosto ter atingido recorde mensal na série histórica, de 114,6 mil toneladas, de janeiro a novembro, os envios somaram 1 milhão de toneladas, 3,1% abaixo do embarcado no mesmo período de 2021, de acordo com dados da Secex compilados pelo Cepea. Essa redução dos embarques totais esteve atrelada aos menores envios à China e Hong Kong – os principais parceiros do Brasil –, que caíram significativos 19% e 38% entre janeiro e novembro frente aos de igual período de 2021. Assim, nem mesmo a abertura de novos mercados, como o Canadá, e o aumento das vendas para outros parceiros, como Filipinas (+164%) e Vietnã (+8,7%) foram suficientes para reverter a queda no comparativo anual. No mercado doméstico, a demanda por carne suína também ficou abaixo do esperado pelo setor para 2022, enquanto a produção foi recorde nos três primeiros trimestres do ano. Nesse cenário, a disponibilidade de carne no mercado doméstico cresceu consideravelmente, pressionando os valores de negociação do animal vivo e da proteína. Dados do IBGE indicam que, entre janeiro e setembro de 2022, foram abatidas 42,2 milhões de cabeças de suínos no País, 6,6% a mais que no mesmo período de 2021 e um recorde para o período, considerando-se a série histórica do IBGE, iniciada em 1997. Assim, o preço da carcaça especial suína, comercializada no atacado da Grande São Paulo, teve média de R$ 9,20/kg entre 3 de janeiro e 26 de dezembro de 2022, 5,6% menor que a de 2021, em termos nominais. As baixas nas cotações da carne, por sua vez, reforçaram a pressão sobre os preços do suíno vivo em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Além da queda nos preços de comercialização, o elevado valor dos principais insumos consumidos na atividade (milho e farelo de soja) limitaram o poder de compra do suinocultor ao longo de 2022.
FRANGO/CEPEA: Volume exportado renova recorde em 2022, e preço da carne sobe no BR
O volume de carne de frango exportado pelo Brasil em 2022 renovou o recorde anual na série histórica da Secex, iniciada em 1997. Isso porque, com a guerra entre Rússia e Ucrânia e o aumento do número de casos de gripe aviária no Hemisfério Norte, a demanda externa pela proteína nacional cresceu significativamente. De acordo com dados do USDA, a produção de frango na Ucrânia, um dos maiores fornecedores mundiais da proteína, deve diminuir 8,4% em 2022 frente a 2021. Esse contexto limitou a oferta global do produto de origem avícola neste ano, abrindo uma janela de oportunidade para a carne brasileira no exterior. De acordo com dados da Secex, de janeiro até a 4ª semana de dezembro de 2022, foram embarcadas 4,7 milhões de toneladas de carne de frango, quantidade 2,4% superior à exportada no mesmo período de 2021. Com o aumento do volume embarcado e os maiores preços pago pela proteína brasileira, a receita arrecada pelo setor avícola também cresceu. No mesmo período, foram arrecadados aproximadamente R$ 49,1 bilhões, crescimento de significativos 19% na comparação com 2021 e também um recorde, considerando-se a série da Secex. Diante do elevado volume exportado durante o ano e da menor oferta de animais para abate, os preços internos da carne de frango se sustentaram em 2022, ainda que boa parte dos colaboradores consultados pelo Cepea tenha relatado dificuldades de comercialização no mercado doméstico diversas vezes. Conforme o IBGE, no acumulado dos três primeiros trimestres de 2022, 4,6 bilhões de animais foram abatidos no Brasil, queda de 0,7% frente ao mesmo período de 2021. Assim, os preços dos frangos inteiros resfriado e congelado subiram no comparativo anual. Para o animal vivo, o cenário também foi de valorização. Nesse contexto, o poder de compra do avicultor aumentou frente aos principais insumos de alimentação consumidos na atividade, principalmente frente ao milho, cujas cotações seguiram direção oposta à do farelo de soja, recuando de 2021 para 2022.
FARELO DE SOJA/CEPEA: Com maior demanda internacional, exportação tem novo recorde em 2022
A demanda pelo farelo de soja brasileiro aumentou em 2022 frente à de 2021, influenciada por fatores no mercado internacional durante o ano, principalmente na Argentina. A produção de soja em grão no país vizinho, o maior fornecedor mundial de farelo, diminuiu, devido a condições climáticas adversas, reduzindo também a produção do derivado. Além disso, em março, o governo argentino elevou as tarifas de exportação dos derivados da oleaginosa, de 31% para 33%, no intuito de conter a crise econômica. O país também ou por greve de caminhoneiros, que prejudicou as negociações do agronegócio, de forma geral. Como resultado, houve expressivo aumento na procura mundial por farelo e óleo de soja. No segundo semestre, entretanto, os preços foram se enfraquecendo. Isso porque o governo da Argentina estabeleceu um sistema especial chamado de “dólar soja”, com o objetivo de estimular produtores a liquidar parte dos estoques. De fato, a liquidez cresceu naquele país, e demandantes externos reduziram o interesse pelos produtos do Brasil. Além disso, a colheita da safra 2022/23 de soja nos Estados Unidos também influenciou esse cenário. Assim, de janeiro a novembro de 2022, o Brasil já embarcou volume recorde de farelo de soja, de 19,25 milhões de toneladas, aumento de 24,4% em relação ao mesmo período de 2021. Os maiores destinos do derivado brasileiro foram Indonésia, Tailândia e Holanda (Países Baixos), conforme dados da Secex. No Brasil, a produção de farelo somou 38,88 milhões de toneladas na safra 2021/22, segundo a Conab, com 18,1 milhões de toneladas destinadas ao consumo doméstico (+1,1% sobre a safra ada) e 19,95 milhões de toneladas, para exportação (+6,34%). Como resultado, as cotações do derivado subiram – na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o farelo de soja se valorizou 10%, em termos nominais, entre 2021 e 2022. Já em termos reais, a média anual caiu 1,2%, no mesmo comparativo. Com base nos preços de soja, farelo e óleo de soja no estado de São Paulo, o “crush margin” das indústrias brasileiras cresceu 23,25% entre as médias de 2021 e 2022. Vale ressaltar, no entanto, que, no primeiro semestre de 2022, o “crush margin” era de R$ 632,19/tonelada, caindo para R$ 496,40/tonelada na segunda metade do ano.
MILHO/CEPEA: Em ano de produção recorde, vendas externas limitam desvalorização no BR
Os preços do milho iniciaram 2022 em alta, impulsionados pelos apertados estoques de agem e por preocupações relacionadas à safra verão de 2021/22 – que, de fato, teve sua produtividade prejudicada pelo clima adverso. Após o 1º trimestre, agentes voltaram as atenções à 2ª temporada, que teve produção recorde (85,61 milhões de toneladas), o que, por sua vez, gerou pressão sobre as cotações. No entanto, as quedas no Brasil foram limitadas pelos elevados valores externos do cereal, diante da oferta mundial enxuta – o conflito entre Rússia e Ucrânia, iniciado no fim de fevereiro, elevou a paridade de exportação e favoreceu os embarques brasileiros de milho. Assim, a média do 1º semestre foi de R$ 92,39/sc, 1% acima da registrada no mesmo período de 2021, em termos nominais. Com os elevados preços do 1º semestre e a expectativa de demandas mundial e interna aquecidas, a área da 2ª safra cresceu 9%. O clima favoreceu a produtividade, e a produção da 2ª safra cresceu 42% em relação à da temporada 2021/22. No agregado, a produção brasileira em 21/22 (considerando-se as três safras) totalizou 112,83 milhões de toneladas, 30% maior que a da temporada anterior e um recorde. A disponibilidade total (produção + estoque inicial + importações) da safra 2021/22 foi de 123,69 milhões de toneladas. Com o consumo interno a 75 milhões de toneladas, o excedente exportável foi de 48 milhões de toneladas (dados da Conab). O elevado excedente doméstico disponibilizado a preços competitivos no mercado internacional aqueceu a demanda externa no 2º semestre. Assim, vendedores brasileiros se dividiram entre negociar nos portos e no mercado interno, sustentando o Indicador ESALQ/BM&FBovespa entre R$ 80 e R$ 86/saca de 60 kg na 2ª metade do ano. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa encerrou 2022 (até o dia 23 de dezembro) acumulando baixa de 5%, a R$ 85,80/saca de 60 kg no dia 23 de dezembro.
Fonte: Cepea. Imagem principal: Depositphotos.
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