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O futuro dos programas de melhoramento

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Entrevista Julius Van der Werf – O futuro dos programas de melhoramento
 
Um dos mais renomados pesquisadores do mundo na área de avaliação genética, o holandês Julius Van der Werf vislumbra um cenário mundial futuro para a pecuária de corte com programas de produção específicos para determinados ambientes e mercados. Ele acredita que com maior conhecimento de genes específicos será possível definir melhor os genótipos específicos e testar sua adaptabilidade a ambientes também específicos. Em recente artigo publicado no prestigiado periódico científico Journal of Animal Breeding and Genetics, Werf alerta para a “caixa preta da biologia” afirmando que há poucos exemplos onde a compreensão da biologia tenha ajudado a produzir animais melhores. O pesquisador integra a equipe de genética em ciência animal da Universidade de Nova Inglaterra, na Austrália, onde trabalha com avaliação genética, na elaboração de programas de reprodução, detecção e uso de marcadores genéticos. Ele também é membro do Centro de Pesquisa da Carne, do Centro de Pesquisa de Ovinos e do projeto Genoma para Ovinos. Em entrevista à revista ABCZ, concedida da Austrália por e-mail, Werf confessa que ficou impressionado com os recursos naturais do Brasil, a variedade de raças e com o nível de educação de muitos criadores brasileiros. Mas alerta: um bom programa de criação de animais depende de muitas pessoas trabalhando em conjunto eficazmente e com um plano de negócios.
 
Revista ABCZ – Como o senhor vê a questão da bovinocultura de corte no cenário mundial futuro em que as questões da sustentabilidade e das mudanças climáticas estão se tornando prerrogativas essenciais?
 
Julius Van der Werf – Os programas de produção serão mais focados. Existirão programas específicos para determinados ambientes, assim como para determinados mercados. É o que se espera do ponto de vista comercial, onde, em um mercado em evolução, há mais especialização, também do ponto de vista técnico. Com maior co­nhecimento de genes específicos e suas regiões, será possível definir melhor os genótipos específicos e testar sua adaptabilidade a ambientes específicos.
 
ABCZ – A pecuária de corte australiana tem sido uma referência internacional para os diferentes mercados. A que o senhor atribui os avanços do setor nas últimas décadas?
 
Julius – A pesquisa para a qualidade da carne tem sido progressiva e resultou em uma diferenciação dos mercados, por exemplo, o mercado doméstico com carne mais magra (com alta qualidade, inclusive), o japonês com mais marmoreio e o americano com cortes mais baratos.
 
ABCZ – Recentemente foi lançado no Brasil um livro de sua autoria, juntamente com outros autores. A obra aborda desde questões do melhoramento clássico até o uso da genética molecular na seleção – sem dúvida uma obra importante. Como nasceu a idéia da edição brasileira?
 
Julius – Nós visitamos o Brasil em 2000 (com Brian Kinghorn, sob organização de Luiz Fries). Basicamente, é o resultado de como nós ensinamos genética na Universidade de Nova Inglaterra, integrando novas tecnologias em implementação aos programas de reprodução. No fim das contas, a mensagem importante é “o que isso agrega de valor à equação do produtor”. A equação do produtor diz que o melhoramento genético depende da intensidade da seleção, da sua acurácia, do estágio dos animais selecionados e da quantidade de variação genética disponível.
 
ABCZ – Em recente editorial do prestigiado periódico científico Journal of Animal Breeding and Genetics, o senhor avalia com muita propriedade o estado de arte da seleção dos animais domésticos. O senhor poderia comentar um pouco sobre a questão ali colocada de que nossos esforços devem se concentrar em combinar a seleção para aumento da produtividade com a manutenção (ou melhoria simultânea) do valor adaptativo dos animais? Como o senhor definiria valor adaptativo de um ponto de vista prático?
 
Julius – Na minha opinião, está claro agora que os programas de seleção que realmente funcionam têm focado atualmente muito mais nos objetivos (quais características) do que na logística (quais animais mensurar, acasalar etc.). Nós fomos bem sucedidos em implementar a mudança genética, especialmente em aves, suínos, e gado de leite. Agora a questão principal é como animais altamente produtivos podem ser ainda rentáveis em sistemas de produção. Há, às vezes, problemas com fertilidade e sobrevivência, que originalmente não faziam parte do propósito da seleção. Nós estamos organizando um Simpósio em Armidale (Austrália), em setembro, sobre adaptabilidade. Às vezes é difícil definir. Eu pensaria em características como fertilidade, resistência às doenças, longevidade e mortalidade.
 
ABCZ – Ainda nesta questão do valor adaptativo, em quê intensidade o senhor o considera importante para países como o Brasil, onde a imensa maioria de seus sistemas de produção é baseada em explorações a pasto e condições tropicais?
 
Julius – Os problemas de adaptabilidade parecem acontecer mais nas produções intensivas onde há maior desenvolvimento genético para a produção. Entretanto, se você faz mudanças genéticas em sistemas de produção de carne, logo haverá limites também. O valor adaptativo será mais importante se os ambientes forem mais limitantes, por exemplo tropical, secas, etc.
 
ABCZ – Na sua opinião, a ausência de índices de seleção, que combinem bio-economicamente características importantes na seleção dos indivíduos, pode comprometer a perda de valor adaptativo?
 
Julius – Penso que, em princípio, nós podemos usar índices para melhorar o valor adaptativo. Os países escandinavos, por muitos anos, selecionaram para fertilidade e resistência à mastite no gado leiteiro, com prejuízo à produção de leite, mas essas vacas agora estão concentradas em alguns criatórios de gado holandês de origem americana que sofrem de problemas de fertilidade. O problema com muitas características de adaptabilidade é que elas são difíceis de melhorar, já que a herdabilidade é baixa, e menos fáceis de mensurar que as características de produção. Também, são difíceis de medir em animais jovens, e os programas de seleção modernos se apóiam muito na seleção de touros jovens para gerações futuras.
 
ABCZ – No Brasil, existe uma tendência muito forte na seleção para peso vivo dos animais, quase sempre destituída de outras considerações. O que o senhor pensa sobre essa abordagem seletiva?
 
Julius – Se foi uma abordagem de sucesso, seria bom considerar mais características. Mas, em muitos casos, em indústrias extensivas, é um verdadeiro desafio fazer o programa de seleção funcionar logicamente. Então, começar com um sistema simples é uma boa idéia e quando houver algum progresso pode-se ampliar, abrangendo outras características.
 
ABCZ – No mesmo Editorial citado anteriormente, o se­nhor fala da “caixa preta da biologia”, que, aliás, dá título ao artigo (no original em inglês “Animal Breeding and the Black Box of Biology”). Em determinado momento, o senhor a considera como “um inatingível Santo Graal”, embora afirme que compreendê-la seja fundamental na seleção dos animais. Em sua opinião, como devemos proceder na seleção para não ultraarmos os limites do equilíbrio entre as características que medimos e gerenciamos e aquelas sobre as quais somente teremos consciência por respostas correlacionadas?
 
Julius – Eu ainda acredito na “abordagem da caixa preta” porque há poucos exemplos onde a compreensão da biologia tenha ajudado a produzir animais melhores. Assim, na prática dos programas de seleção o que fica é “meça o que é importante, conduza um bom sistema de avaliação genética e selecione com base nas características que você julgar importantes” (ou características correlatas se forem difíceis de medir). Entretanto, em pesquisa nós devemos ter a mente aberta e sempre procurar por novas idéias e novas abordagens.
 
ABCZ – Quais seriam as características mais importantes a serem incluídas em um programa de me­lhoramento em gado de corte? Por favor, coloque-as em ordem de importância.
 
Julius – Suponho que crescimento, ferti­lidade, qualidade de carcaça (músculo), talvez qualidade da carne. Este último, somente se você acredita que o mercado compensará tais melhorias no médio prazo. No Brasil, eu acredito que ganhos significativos poderiam ser obtidos se a idade da primeira cria pudesse ser antecipada. Um simples modelo de criatório baseado em uma planilha dará uma rápida idéia da importância de diferentes características.
 
ABCZ – O senhor já esteve algumas vezes no Brasil. Quais foram suas impressões sobre a pecuária brasileira e sobre a ciência animal no país?
 
Julius – Eu fiquei impressionado com os recursos naturais, a variedade de raças de gado, muita forragem. Eu também fiquei impressionado com o nível de educação de muitos fazendeiros e criadores. Naturalmente, há um grupo muito grande de pequenos produtores, mas eles constituem uma pequena parte do potencial de produção. Penso que o Brasil tem um potencial enorme. Um bom programa de criação de animais depende de muitas pessoas traba­lhando em conjunto e eficazmente. É necessário um plano de negócios.
 

Essa entrevista foi publicada, em 2007, na revista da ABCZ número 39


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